O Natal
hoje tem uma característica muito materialista. O excesso de afazeres e compras
leva as pessoas a se distanciarem do real sentido do Natal.
Estes
excessos também conseguem ressaltar a maneira ainda mais explícita as
diferenças sociais, trazendo dor e culpa. Dor para aqueles que não tem e culpa
para aqueles que cometem os excessos.
Para as
crianças o Natal virou sinônimo de presentes. Presentes que quase nunca preenchem
o vazio interno, o que as tornam quase sempre mais exigentes e caprichosas. E,
no caso dos que nada recebem, desperta o sentimento de revolta e injustiça.
Também
os adultos têm sentimentos contraditórios despertos, alguns se sentem muito
felizes nesta época, entrando com espírito festeiro e alegre, porém, quando o
Natal termina, mesmo que tudo tenha corrido bem, o sentimento que surge é de
ressaca, e uma sensação de vazio aparece e às vezes incomoda, mas, já tem outra
festa chegando e este sentimento é abafado. Outros sentem-se tristes, uma
enorme vontade de chorar surge, um vazio que parece tomar todo o espaço do
peito, e uma enorme vontade de que esta época passe bem rapidamente. Por que
estes sentimentos contraditórios? O que acontece com esta época?
O ser
humano distanciou-se muito da Natureza. Ela, por sua vez, continua interferindo
e se comunicando com o homem. Porém, os ouvidos dos homens não conseguem mais
ouvir a voz da Natureza, seus olhos também já não enxergam sinais evidentes,
como por exemplo, os das estações do ano. A mesmificação dos dias geralmente
regulados pelo excesso de trabalho, ou pelos vários canais de comunicação em
massa que procuram levar nossa atenção para os acontecimentos do mundo,
geralmente os mais deprimentes, tudo isto nos leva a vivenciar os dias sem
diferenciação.
As
estações do ano não se diferenciam somente devido ao fato de usarmos ou não
casacos, mas, internamente nos sentimos diferentes. Entretanto, seguimos sem
dar importância, tornando os dias todos iguais.
No passado, o homem se
encontrava fortemente ligado à Natureza e encontrava nela sabedoria; o
sentimento do homem era de unicidade e dela extraiu todo simbolismo que
reconhecemos como as grandes festas do ano.
O Natal era celebrado
desde épocas muito antigas, em muitos lugares diferentes, por povos
distintos. Na Europa do Norte e Central - Escandinávia, Escócia, Inglaterra,
nos círculos Celtas - havia a celebração da festa do fogo. No hemisfério norte,
nesta época, é inverno, os dias se tornam mais curtos, como se a Natureza
esmorecesse, é como se houvesse um adormecimento de suas forças. No dia 25 isso
se invertia, e, embora ainda se encontrassem no inverno, o sol começava a
aumentar, prenunciando a primavera. A vitória do sol sobre as trevas.
O Sol sempre representou
vida para a Terra, seu trajeto e distância marcam profundamente todos os
acontecimentos aqui na Terra, determina as estações do ano, as colheitas,etc. O
Sol traz a consciência para o homem. Quando ele aparece no
horizonte o homem acorda para seu
dia, quando desaparece no horizonte aos poucos sua consciência o abandona e ele
se entrega ao sono, assim como toda a Natureza.
A nossa consciência é
nosso Sol que ilumina as trevas da matéria, e, este ciclo solar, traz a antiga
lembrança de quando a consciência adentrou a corporalidade humana, dando-nos a
chance de tornarmo-nos seres humanos.
Por isso esta festa, ou esta
época do ano, nos remete ao nosso lado mais precioso, nos remete à épocas
antiqüíssimas onde o que acontece no Natal é como um marco, como algo colossal,
foi o momento do grande passo rumo a humanização quando uma alma imortal passa
a habitar um corpo físico perecível. A vitória do Sol sobre a escuridão.
O olhar dos povos antigos
para com o Sol e a Terra e também para as outras estrelas e planetas é de que
eles eram a expressão externa, ou seja, os corpos celestes são portadores de seres
espirituais, assim como o homem porta um espírito.
O Sol
faz seu trajeto celeste dentro da mais perfeita ordem e harmonia, num ritmo
preciso e isso propicia todos os processos rítmicos ligados à vida.
No homem
também podemos admirar esta ordem, este ritmo acontecendo, por exemplo, em todo
funcionamento orgânico, no processo da digestão, da respiração, dos batimentos
cardíacos. O caótico no ser humano surge nas paixões, instintos e mesmo no
pensar. Atentamos contra esta ordem todos os dias, na alimentação incorreta,
nos ritmos de vida abusivos, nos caprichos, nos pensamentos inverídicos. E
mesmo assim nosso ritmo interno persiste em sua ordem, somente saindo dela
quando os erros cometidos contra ela são intensos e persistentes.
Por
isso a confirmação no dia 25 de dezembro de que o sol permaneceria no seu curso
perfazendo todo seu ciclo, enchia o homem de alegria e o remetia aos tempos
longínquos onde também o ser humano, embora ainda insipiente, dava mostras de
ter o seu curso na humanidade desenvolvido em todo o seu ciclo como Ser Humano,
aquele que porta um EU!
Estas
festas são consideradas pagãs, porém ela carrega em seu bojo todo o futuro do
cristianismo.
Não há
confirmação de que tenha nascido nesta época, a designação do dia 25 de
dezembro como comemoração religiosa só foi iniciada no século IV quando o Papa
Júlio I levou a cabo um estudo intensivo sobre a data de nascimento de Jesus de
Nazaré, que aos 30 anos aporta o ser solar Cristo em seu batismo pelo fogo do
Espírito Santo, atua como um sol que ilumina o caminho a ser seguido; que traz
o impulso Crístico a viver entre todos os seres humanos numa extrema
demonstração de amor divino.
Toda a
postura de Cristo era de amo, respeito para com o outro, de perdão para aqueles
que o mal trataram, porém, não sabiam o que faziam, tudo o que ele fez e faz
pelos homens se encerra na máxima "Amai-vos uns aos outros como eu vos
amei". Toda sua postura é de um amor transbordante. É como se ele
trouxesse a substância do amor das alturas celestes à Terra para habitar a alma
humana, o EU humano. Este amor vívido que jorra como raio de sol e que ilumina
quem está a frente. Trazer essa força do amor parece ter sido a grande missão
de Cristo.
Temos
esta chance anual de nos remeter a essa época, fazer um balanço de nossos
relacionamentos, nosso envolvimento com os que nos circundam, transformar tudo
o que é treva, iluminado pela luz do amor.
E só há
uma maneira de passar por esse processo, através do perdão pelo que trouxe
mágoas, e perdoar não é esquecer, nem é compreender, nem mesmo passar por cima
dos fatos.
Perdoar é deixar jorrar amor pelo outro e ajudá-lo a
consertar os erros cometidos contra a própria pessoa que perdoa. O rancor e a
mágoa são potentes algemas, enquanto o perdão é a chave que as abre e o amor é
aquele que ensina a mão algemada a ser novamente livre. Eis nossa grande chance
que, renovada anualmente, passamos nesta época. Nossos anos nesta vida são
limitados, temos, quando muito, umas oitenta chances de passar por essa época
com toda abertura cósmica que ela propicia a aliar nossa evolução pessoal ao
propósito Crístico ligado a nós. Que todos nós tenhamos a força de não
desperdiçá-lo, que possamos preencher nosso Natal com o que há de mais elevado
em nosso espírito e que ele tenha sabor de conquista, de conquista de nós
mesmos, para que possamos nos oferecer em convivência para o outro."
Pedagogia Curativa, Terapeuta do Movimento, Visão Ampliada pela
Antroposofia
Estes excessos também conseguem ressaltar a maneira ainda mais explícita as diferenças sociais, trazendo dor e culpa. Dor para aqueles que não tem e culpa para aqueles que cometem os excessos.
Para as crianças o Natal virou sinônimo de presentes. Presentes que quase nunca preenchem o vazio interno, o que as tornam quase sempre mais exigentes e caprichosas. E, no caso dos que nada recebem, desperta o sentimento de revolta e injustiça.
Também os adultos têm sentimentos contraditórios despertos, alguns se sentem muito felizes nesta época, entrando com espírito festeiro e alegre, porém, quando o Natal termina, mesmo que tudo tenha corrido bem, o sentimento que surge é de ressaca, e uma sensação de vazio aparece e às vezes incomoda, mas, já tem outra festa chegando e este sentimento é abafado. Outros sentem-se tristes, uma enorme vontade de chorar surge, um vazio que parece tomar todo o espaço do peito, e uma enorme vontade de que esta época passe bem rapidamente. Por que estes sentimentos contraditórios? O que acontece com esta época?